A última quarta-feira chegou. Chegou com um nó na garganta e um turbilhão no peito, um misto de emoções, difícil de traduzir em palavras. Sabíamos, no fundo da alma, que aquilo que tínhamos vivido até então não voltaria mais. Era o fim de um ciclo, o fechar de uma porta que, embora marcada por cansaços e desafios, nos foi casa, abrigo, lugar de riso, partilha e crescimento.
Paradoxalmente, era também o dia da semana que mais ansiávamos. Aquele em que tudo parecia mais leve, mais nosso. Porque era quando a nossa querida maestrina, Rita Resende, nos guiava com a sensibilidade de quem sabe escutar silêncios, com a sabedoria de quem semeia afetos, e com a paixão de quem acredita verdadeiramente em cada um de nós.
Ainda poderá haver uma última “atuação”, uma despedida sentida, talvez, pela ilha Terceira, enquanto aguardamos o voo que nos levará até ao continente Americano, à terra onde os sonhos parecem ter morada certa. E connosco levaremos um desses sonhos, um que se concretizou, contra todas as dúvidas, porque, como tão bem escreveu António Gedeão na eterna “Pedra Filosofal”, “o sonho comanda a vida”.
E foi sonhando juntos que chegámos aqui. Agora, partimos com o coração cheio, a saudade já instalada e a certeza de que, por mais longe que voemos, há vivências que se entranham em nós para sempre.
